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​Conversa, terça feira, 30 de julho 2013

Hoje recebi um pedido para mim importante: atualizar e reeditar o meu primeiro livro que fez sucesso. Em 1983 eu publiquei pelas Vozes "Nossos pais nos contaram", um livro que era uma espécie de introdução à Bíblia no estilo de uma história sagrada ou da Bíblia contada como história. Naquele tempo, não havia computador e por isso as edições eram de dez mil exemplares. O livro vendeu e esgotou três edições (30 mil). Na quarta edição, eu não permiti que as Vozes editassem. Queria atualizar algumas coisas e eles esperaram. Eu nunca fiz. Agora uma comunidade de base me pediu que precisa desse livro reeditado e atualizado. Para mim, o pedido dessas pessoas de periferia às quais sirvo é uma ordem e vou me meter no trabalho assim que puder. Tenho andado meio preguiçoso nesses dias. Pelo fato de viajar muito, ter que escrever um artigo por semana e estar corrigindo dois livros publicados e que quero melhorar, acabei não aproveitando todo o tempo como devo fazer para a missão que Deus me deu. Tenho aproveitado pouco o fato de acordar cedo (perto das cinco). É importante me dar conta disso e ver como intensificar o trabalho. 

Nesses dias, revi o meu livro "Evangelho e Instituição", escrito como em um diálogo com escritos do meu mestre o padre Comblin. E tive uma tentação: colocar como sub-título: "Para aprofundar o pedido expresso do papa Francisco por uma renovação espiritual da Igreja". Refleti e decidi não colocar. Pareceria estratégia de marketing e além disso não posso usar o nome do papa sem saber se é isso mesmo que ele pensa e deseja. Penso que sim, mas não tenho o direito de falar por ele. 

No Rio, está passando de novo uma peça teatral que vi e revi há muitos anos. "O dia em que raptaram o papa", comédia de João Bettencourt, teatrólogo brasileiro que já nos deixou. A peça se baseia em uma história que se passa em Nova York. O papa Alberto IV está fazendo uma viagem aos Estados Unidos. Deve falar na ONU, mas tem dois dias de folga e quando saía de um compromisso, se perde dos guardas de segurança. Não sabendo para onde ir, toma um taxi como se fosse um anônimo. O motorista do taxi é um judeu excêntrico e meio pirado. Reconhece o papa e o sequestra. Leva-o para casa e o tranca na dispensa. Escreve um bilhete pedindo resgate. O resgate não é dinheiro. É a decisão da ONU e de todos os países do mundo de fazerem um dia de paz, no qual não se mate ninguém. 24 horas sem violência no mundo inteiro. Quando ele conta isso ao papa, esse se torna cúmplice do sequestro e diz que tudo no Vaticano e em torno dele é tão chato que ele está achando ótimo ficar na cozinha de uma casa pobre, descascar batata para o almoço e conversar com os dois filhos de Samuel. Quem não gosta disso é o rabino que avisado por Sara, esposa de Samuel, denuncia e chama o cardeal de Nova York. Um funcionário afetado e afeminado que vai lá com a polícia e soldados. O papa declara que não foi sequestrado. Apenas estava visitando um velho amigo. E que tinha colaborado com o engano para que se realizasse o dia da paz. O problema é que no minuto seguinte às 24 horas do acordo, se retomaram todas as guerras. Era o mundo que voltava ao seu normal. 

Acho que o papa Francisco gostaria de ver essa peça.   

Marcelo Barros

Camaragibe, Pernambuco, Brazil

Sou monge beneditino, chamado a trabalhar pela unidade das Igrejas e das tradições religiosas. Adoro os movimentos populares e especialmente o MST. Gosto de escrever e de me comunicar.

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