Ontem, em Turim, houve um encontro público na sede do grupo Abel entre mim e Dom Luigi Ciotti. Ele é um padre que há anos e anos dirige em toda a Itália um trabalho contra a máfia. Protege as vítimas e denuncia os criminosos. Leva a tribunais políticos e policiais envolvidos com organizações criminosas e por isso desde muitos anos tem proteção da polícia federal. Já sofreu atentados e é um homem como conheci poucos, Dom Hélder Câmara, irmã Dorothy Stang e poucas pessoas assim. No jantar, ele me disse que tinha provas de que até poucos anos, um homem entrava no Vaticano com uma mala de dinheiro e distribuia esse dinheiro por vários bispos e cardeais que recebiam ajuda da máfia. Ele tem nome e sobrenome, fotos e provas desse fato da época de João Paulo II até o tempo de Bento XVI. Sabe de padres envolvidos com a máfia e denuncia. No encontro que fizemos juntos, chegaram umas duzentas pessoas, apesar da chuva e do frio. Eu falei pouco. Pediram-me para falar de como o bolivarianismo está mudando a América Latina. Depois dessa nota de confiança e quase otimismo, Dom Luigi foi muito duro e deu dados terríveis. Eu não podia imaginar que atualmente de cada quatro italianos adultos, um está desempregado e vive uma situação de pobreza como antes não existia por aqui. Além disso, descobriram que seis milhões de italianos são analfabetos ou quase. E que os políticos não querem votar a reforma política (como no Brasil) porque têm interesses em que tudo continue como está. E o povo parece amordaçado. Pouca gente reage. Como é importante que existam profetas como Dom Luigi e poucos outros que continuam a combater e a ajudar a sociedade a lembrar que outro mundo é possível.