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​Conversa, sexta feira, 12 de outubro 2012

Hoje, estou em Mato Grosso e comecei o curso sobre a Bíblia lida a partir das culturas afro-descendentes. Mas, desde a manhã, estou estarrecido por uma notícia recebida do CIMI, Conselho Indigenista Missionário. O padre Egon Heck, velho amigo que mora e trabalha com os índios no Mato Grosso do Sul mandou uma nota e divulgou uma carta coletiva. Um grupo de Guarani Kaiowa que está pressionado pela "justiça" a deixar suas terras ancestrais, às margens de um importante rio da região. Diante do decreto de expulsão de suas terras ancestrais, onde estão enterrados os avós, um grupo de 50 indios, com mais 50 mulheres e muitas crianças tomaram a decisão de ficar e resistir até a morte e extermínio. Escreveram uma carta coletiva na qual afirmam: " Sabemos que seremos expulsas daqui da margem do rio pela justiça, porém não vamos sair da margem do rio. Como um povo nativo/indígena histórico, decidimos ser mortos coletivamente aqui. Não temos outra opção,  esta é a nossa última decisão unânime diante do despacho da Justiça Federal de Navirai-MS." Esse é o comunicado da comunidade indígena para o Governo e Justiça Federal.  "  

O padre Egon diz que eles estão determinados a morrer coletivamente, conforme suas crenças, esperanças ou desespero. Mandaram uma carta coletiva à Justiça, 

Não podemos calar ou ficar inertes diante desse clamor da comunidade Kaiowá Guarani,  de Pyelito Kue/Mbarakay, no município de Iguatemi, Mato Grosso do Sul. Não se trata de um fato isolado, mas de excepcional gravidade, diante de uma decisão de morte coletiva. Continuaremos sendo desafiados por fatos semelhantes, caso não se tomem medidas urgentes de solução da questão da demarcação das terras indígenas desse povo. É uma comunidade indígena já muito ferida por inúmeros suicídios rituais de jovens e adolescentes, desde os anos 80. Agora esse martírio coletivo que temos de lutar para impedir que se consuma. Estou mandando essa denúncia para todo mundo no Brasil e fora que pode denunciar e gritar para que o governo intervenha e impeça essa monstruosidade. Acho que vocês conseguem ler e reproduzir a carta da comunidade guarani-kaiowa na internet: Carta da comunidade Guarani-Kaiowá de Pyelito Kue/Mbarakay-Iguatemi-MS para o Governo e Justiça do Brasil

http://racismoambiental.net.br/2012/10/justica-brasileira-ordena-expulsao-de-indigenas-guarani-kaiowa/

Marcelo Barros

Camaragibe, Pernambuco, Brazil

Sou monge beneditino, chamado a trabalhar pela unidade das Igrejas e das tradições religiosas. Adoro os movimentos populares e especialmente o MST. Gosto de escrever e de me comunicar.

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