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Conversa, sexta feira, 09 de agosto 2013

Uma humanidade capaz de futuro - foi o título que me pediram para um artigo em uma revista espanhola. Compreendo que quando os médicos dizem que a pessoa está com os sinais vitais em ordem é sinal de que está muito doente. De fato, para um de nós em sua saúde normal, ninguém fala isso. A mesma coisa para uma sociedade humana. Só uma civilização que vê o risco de falir e se autodestruir fica afirmando sua própria capacidade de futuro. De fato, a crise existe e é palpável. Na Europa e especificamente na Espanha, o desemprego como nunca aconteceu. A crise de moradia, a instabilidade social... E tudo o mais. E as pessoas procuram remédio para a doença no próprio veneno que provocou a enfermidade ou a crise: em medidas capitalistas neo-liberais. Os dogmas religiosos estão superados. Os dogmas econômicos neo-liberais, apesar de terem se revelado ineficazes e, ao contrário, contra-produtivos, são ainda para muitos a esperança. E aí continua uma economia sem ética, um desenvolvimento sem sustentabilidade nem social nem ecológica, uma vida sem objetivo maior. "Capaz de futuro". Que futuro? Gostaria de perguntar às pessoas algo como as nossas mães perguntavam quando a gente era criança: o que você quer ser, quando crescer? Hoje, o correspondente dessa pergunta: Que tipo de sociedade você deseja? Como será o mundo dos seus sonhos? 

Eu tenho uma proposta no evangelho e se chama projeto divino ou, na linguagem antiga, reino de Deus. E não é religioso. É projeto de vida plena, vida de qualidade, bem viver indígena ou Axé na linguagem afro-descendente. Isso implica na vitória contra o individualismo, no controle do consumismo e em uma amorização social e política que tome nossos poros e faça de nós pessoas de terna comunhão conosco mesmos, uns com os outros e com a natureza. Será que eu consigo escrever isso de forma mais organizada e sistemática? E ao mesmo tempo, conseguirei ser claro e ser objetivo, sem deixar de ser apaixonado e testemunha de minha fé? Tomara.

Marcelo Barros

Camaragibe, Pernambuco, Brazil

Sou monge beneditino, chamado a trabalhar pela unidade das Igrejas e das tradições religiosas. Adoro os movimentos populares e especialmente o MST. Gosto de escrever e de me comunicar.

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