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​Conversa, segunda feira, 22 de abril 2013

Voltei ao Recife depois do encontro da pastoral carcerária do Leste 2 (Minas Gerais e Espírito Santo) em Juiz de Fora. Fiquei contente ao ver que todos ou quase todos gostaram muito. É o melhor pagamento para o cansaço da gente. Eu não esperava 179 pessoas, a maioria leiga e alguns jovens. Graças ao Espírito, consegui me inserir e contribuir. Até alguns me perguntaram há quantos anos eu participo da pastoral carcerária e tive de responder que aquele era o primeiro contato. Eu nunca tinha tido nenhum contato antes. Parecia que já era de casa. Graças a Deus. Ontem pela manhã,  me surpreendeu a missa que o arcebispo de Juiz de Fora (Dom Gil) celebrou. Além da comunidade local (muita gente veio) e dos participantes do encontro, estavam presentes uns 30 presidiários e alguns agentes carcerários. Achei estranho e ambíguo ver aqueles jovens ali cercados de guardas armados e dentro do ambiente da missa - com rifles pesados e em posição de quem a qualquer momento poderia atirar. Acho que Jesus nunca imaginou que sua ceia da unidade e da doação da vida pudesse ser celebrada assim incorporando soldados armados e pessoas que estavam ali e depois voltariam para suas celas e continuariam trancadas em depósito de pessoas humanas. Mas, é claro que os presos estavam contentes de ao menos por um momento sair da prisão e respirar um ambiente humano, inclusive vários encontravam suas famílias, abraçavam mães e esposas ou filhos. A missa era bem romana e nada inculturada, mas aí já seria pedir demais dos padres e bispo formados assim. 

À noite no Rio, onde tive de dormir, fui a um filme: Uma garrafa no mar de Gaza. Uma história interessante. Uma adolescente de 15 anos judia francesa que joga uma garrafa no mar com uma mensagem para um palestino hipotético ler e lhe explicar por que eles fazem atos terroristas contra Israel. De fato um rapaz palestino pobre encontra a garrafa e começa pela internet um contato com ela. E esse contato vai transformando tanto um como o outro que vão vendo o absurdo da guerra e a impotência dos esforços de paz. Um filme leve, mas muito tocante. Meu Deus, como fazer com que a humanidade seja menos cruel. 

Marcelo Barros

Camaragibe, Pernambuco, Brazil

Sou monge beneditino, chamado a trabalhar pela unidade das Igrejas e das tradições religiosas. Adoro os movimentos populares e especialmente o MST. Gosto de escrever e de me comunicar.

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