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Conversa, segunda feira, 08 de outubro 2012

1a reflexão sobre o Concílio Vaticano II 50 anos depois

O papa João XXIII, ao qual todos chamavam de "papa bom", era um homem do Espírito. Não dava a impressão de falar sempre com medo e desconfiado e não parecia apegado ao poder. Por isso, convocou todos os bispos do mundo para junto com ele renovar a Igreja e prepará-la para o diálogo com o mundo moderno. Um mês antes da inauguração do Concílio, o papa fez um discurso que chamou a atenção de todos. O tema era a pobreza na Igreja. Era a primeira vez em que um papa dizia que a vocação evangélica da Igreja é ser pobre e ser uma Igreja dos pobres. Ele falou isso estimulado por um grupo do qual fazia parte nosso querido Dom Hélder Câmara, o padre Paul Gaultier e outros. Ele queria que o Concílio aprofundasse esse tema. O Concílio não o fez, mas possibilitou que na América Latina, os bispos o fizessem em Medellin (1968). Foi em Medellin que os bispos falaram pela primeira vez em opção pelos pobres. Muitos comentaram o discurso do papa em setembro de 1962 perguntando de que tipo de pobreza ele falava. Dom Hélder sempre respondia: aquela que Jesus viveu, que seus primeiros discípulos viveram e a qual ele nos chamou. Uma pobreza que é simplicidade de vida, sobriedade e confiança em Deus, assim como é também disponibilidade de repartir o que se é e o que se tem. Há quem oponha pobreza real e pobreza espiritual. O evangelho nos chama a nos colocar junto com os pobres contra a pobreza injusta e aviltante (passar fome, nao ter casa, etc). Dom Hélder sempre opunha pobreza e miséria. A pobreza é digna e deve ser vivida. A miséria, não. Agora, 50 anos depois do Concílio, são organizações da sociedade civil que pedem a sobriedade contra o consumo e o decrescimento contra essa tendência dos governos de quererem sempre crescer, crescer... 

O Concílio propôs sim uma Igreja de partilha. Quando alguém se agarra ao próprio poder e prestígio, dificilmente aceita partilhar. O Concílio propôs uma Igreja comunhão. Compete a nós viver isso hoje. 

Marcelo Barros

Camaragibe, Pernambuco, Brazil

Sou monge beneditino, chamado a trabalhar pela unidade das Igrejas e das tradições religiosas. Adoro os movimentos populares e especialmente o MST. Gosto de escrever e de me comunicar.

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