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Conversa, sábado, 11 de julho 2015

Hoje é a festa de São Bento, patriarca dos monges do Ocidente e patrono dos mosteiros que seguem a regra de vida a ele atribuída, um documento do século VI e que é uma síntese inteligente de várias regras antigas escritas para monges e monjas.

Nesse ano, completam-se 50 anos do 08 de dezembro, no qual fiz minha profissão de monge, enquanto em Roma, se encerrava o Concílio Vaticano II, acontecimento que marcou a vida de todos nós da Igreja naqueles tempos. Aliás, se eu fiz profissão foi por acreditar no Concílio e na renovação que ele traria à Igreja e aos mosteiros. Trabalhei por isso desde o início de minha vida de monge. Participei de comissões para renovar as constituições e leis dos mosteiros. Escrevi. Eu mesmo fiz experiências de viver com os irmãos de Taizé (comunidade ecumênica) e depois com jovens. E em 1976 fui para Curitiba integrar a única comunidade de mosteiro mais aberta que havia no Brasil, comunidade que depois se transferiu para Goiás, onde acabei sendo coordenador da comunidade por vários anos.

Atualmente, vivo sozinho e com minha família. No entanto, não saí da ordem beneditina, nem deixei de ser monge. Um abade da Idade Média (Sto Estêvão de Muret) dizia que toda pessoa que trabalha pela unidade é monge ou monja. Então, eu vivo como monge para ajudar as pessoas todas (casadas ou não) a descobrir e a desenvolver essa dimensão de monge que toda pessoa tem em sua vida. Nessa linha de unidade, procuro manter um diálogo com os monges e monjas de mosteiro. Nem sempre é fácil. Hoje, deixarei minha irmã Penha no hospital (ela está bem melhor) e irei ao mosteiro de Olinda que foi minha primeira comunidade para participar da missa de São Bento com o prior e os monges de lá.

E rezarei para que o espírito livre e profético de São Bento volte de novo a soprar e principalmente nessas terras da América Latina possa ajudar a Igreja a ser mais radical em suas propostas e menos mundana no que diz respeito ao apego ao poder e à cultura do mundo dominante. 

Marcelo Barros

Camaragibe, Pernambuco, Brazil

Sou monge beneditino, chamado a trabalhar pela unidade das Igrejas e das tradições religiosas. Adoro os movimentos populares e especialmente o MST. Gosto de escrever e de me comunicar.

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