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​Conversa, quinta feira, 15 de novembro 2012

Nesse dia em que o Brasil comemora aniversário da proclamação da república, os jornais nos inundam com notícias de massacres e assassinatos de policiais e de pessoas mortas porque mataram policiais. Isso em São Paulo, Sta Catarina e outros estados. Por outro lado, aqui em Pernambuco, greve e confronto armado com a polícia por parte dos trabalhadores da refinaria de Suape. Ontem ao voltar de viagem, o avião passou por cima daquela enseada linda e hoje destruída pelo imenso porto e toda a maquinária da refinaria e da construtora de navio (não me lembro o nome). Se é verdade que a república seria o regime no qual todos são iguais, não a temos ainda no Brasil e em tantos países do mundo. A Igreja Católica ainda vive na monarquia e nem chegou a 1789 quando houve a revolução francesa. Bom, se acarretei raiva de alguns irmãos de Igreja porque critiquei certa celebração triunfalista da qual participei, certamente não vão gostar dessa minha crítica. Mas, fazer o que? Como negar essa verdade? 

Do outro lado, vemos despontar por toda parte protestos, movimentos sociais, e novos sujeitos políticos que estão formando uma mundialização oposta ao modelo global que o capitalismo impõe. É uma mundialização a partir dos oprimidos e através de pressões por mais vida, mais justiça e igualdade, pressões que o capitalismo jamais será capaz de atender. Nem quer atender. 

O que eu gostaria é que se pudesse dizer das Igrejas cristãs, o que o Êxodo diz como palavra dita por Deus: Eu ouvi o clamor do meu povo e desci para libertá-lo. "Ouvi o clamor do meu povo" foi o nome de um importante documento dos bispos católicos do Nordeste feito em 1973 e no qual os bispos se proclamavam solidários do sofrimento do povo. Como seria importante que hoje ninguém pudesse dizer que os documentos eclesiásticos atuais parecem demonstrar que não escutamos mais os clamores do povo. 

Que a Igreja seja uma comunhão - o que é mais do que uma democracia republicana - e que se torne de novo expressão da voz dos povos empobrecidos, É onde Deus está. 

Alguém me pediu para dar uma palavra sobre minha saúde. Estou fazendo acupuntura para superar uma dor imensa no ombro direito. Parece tendinite ou bursite. Já fiz duas sessões e parece que melhorou. Sobre os rins, continuo fazendo exames e pelo momento não tenho ainda um diagnóstico definitivo ou total. Faço isso por responsabilidade comigo mesmo e com os outros, mas não estou preocupado. O importante é enquanto tiver forças lutar e trabalhar por aquilo em que acredito. E isso me dá alegria e força. 

Marcelo Barros

Camaragibe, Pernambuco, Brazil

Sou monge beneditino, chamado a trabalhar pela unidade das Igrejas e das tradições religiosas. Adoro os movimentos populares e especialmente o MST. Gosto de escrever e de me comunicar.

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