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​Conversa, quinta feira, 12 de setembro 2013

Há poucos dias, acabei de reler o famoso livro de D. Salinger: O apanhador no campo de centeio. Lembrava-me de ter lido esse romance quando jovem e apesar de toda a sua fama, não tinha gostado. A história me pareceu absolutamente banal e não compreendi por que esse título em uma história cujo personagem é um adolescente de 13 anos expulso de um colégio em Nova York. Agora reli tentando rever a história com outros óculos. Não posso dizer que me entusiasmei. Mas, compreendi melhor que, no contexto em que o livro foi publicado, logo depois da guerra, o livro revela a insatisfação e mesmo inadequação da juventude com a sociedade organizada pelos adultos. Sem dúvida, é pioneiro nos EUA o fato do livro ser narrado por um rapaz de 16 anos, com a linguagem de sua geração e os problemas de um jovem dessa idade. 

E o livro é bem realista. Não faz dos jovens um modelo ideal. Holden Caulfield, como seus colegas, parece incapaz de relacoes significativas com as pessoas em volta deles: família, professores do colégio e os próprios colegas. O fantasma de um irmão morto, a sombra de outro irmão, ambos mais capazes e inteligentes do que ele, a irmã menor com a qual ele se relaciona melhor, mas mesmo assim... O velho professor lhe diz: A vida é um jogo que se em de jogar conforme as regras. Parece que essa é a única lição que a sociedade tem para ele. E ele não gosta de nada e quer fugir de tudo. Reli o livro pensando nos/nas jovens que conheço e com os/as quais convivo mais. Não diria que são vazios, mas a questão é saber que perspectivas de vida ou propostas de mundo e de sociedade, a escola, o país e as instituições atuais (mesmo as Igrejas) lhes fazem.  

Marcelo Barros

Camaragibe, Pernambuco, Brazil

Sou monge beneditino, chamado a trabalhar pela unidade das Igrejas e das tradições religiosas. Adoro os movimentos populares e especialmente o MST. Gosto de escrever e de me comunicar.

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