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​Conversa, quinta feira, 11 de outubro 2012

Concílio Vaticano II, 50 anos depois - 4a reflexão. 

Neste dia, 50o aniversário da abertura do Concílio Vaticano II, comecei o dia tomando como oração os textos do dia de Pentecostes. Foi minha forma de pedir a Deus uma nova primavera, um novo Pentecostes para a Igreja, como desejava o bom papa João. O atual papa celebra este dia abrindo o que ele chama de "ano da fé". A finalidade é acentuar o dogma e a doutrina. Tomei o trabalho de ler a carta na qual ele propõe esse ano da fé. A carta Porta Fidei. Chega a dizer que o Concílio pode ser compreendido a partir do Catecismo Católico. Penso que o papa João e todos os bons teólogos do Concílio devem ter se revirado no túmulo. Hoje pela internet, circulou um dos últimos escritos do meu mestre o padre José Comblin. "O que resta do Concílio Vaticano II". Ele falava do esforço de renovação litúrgica, bíblica, ecumênica e de diálogo social com o mundo. Um teólogo italiano Luigi di Paola escreveu um artigo criticando os concílios como sendo reuniões patriarcais dos bispos e que nunca conseguiram resolver as crises existentes. Penso que o Vaticano II foi diferente porque pelo fato de ser feito em uma época na qual já havia rádio, telefone e televisão, o Concílio não ficou restrito às sessões na basílica de São Pedro. E todos os católicos, de alguma forma, foram envolvidos nele e no seu clima de abertura e de diálogo. É claro que hoje não parece possível um concílio assim. Os bispos do mundo inteiro nem caberiam em uma única Igreja, mesmo no Vaticano. E como fazer uma reunião dessas? Hoje, certamente, o modelo atual é muito mais na linha do fórum e que envolva bispos, padres, religiosos/as, leigos,  católicos e não católicos. Parta das bases, crie um processo local, depois regional, depois nacional e continental e finalmente chegue ao nível mundial. O que é importante é viver esse processo sinodal ou de fórum. 

Agora à tarde, cheguei em Cuiabá para um encontro de reflexão bíblica a partir das culturas negras. Fazia tempo que eu não vinha a Cuiabá. A cidade parece em obras se preparando para a copa. Não sei se há uma pesquisa sobre as consequências e os impactos dessas grandes obras na população local. Há poucos dias estava na Itália em um encontro internacional sobre decrescimento. Chego aqui e parece que a ideologia é do PAC - aceleração do crescimento sem levar em conta nem a ecologia nem a vida das pessoas de base - crescimento da sociedade que aproveita o turismo.... Quando vamos conseguir mudar isso? 

Marcelo Barros

Camaragibe, Pernambuco, Brazil

Sou monge beneditino, chamado a trabalhar pela unidade das Igrejas e das tradições religiosas. Adoro os movimentos populares e especialmente o MST. Gosto de escrever e de me comunicar.

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