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Conversa, quarta feira, 30 de maio 2012

Queridos irmãos e irmãs, 

Desde segunda feira, estou em Cuba e aqui não é fácil entrar na internet, tanto porque o sistema é lento demais, como porque onde estou hospedado, se paga por minuto e é meio caro. O socialismo ainda não incorporou totalmente esses tipos de consumos capitalistas. 

Não vinha a Cuba, desde 2003. Percebo algumas mudanças, umas boas, como uma situação social e econômica do povo que parece melhor do que há dez anos. E outras que não sei se são positivas: mais carros na rua, muitos edifícios em construção... De qualquer modo, em Havana, me sinto como em meu Recife de quando era menino nos anos 50. O número de carros na rua devia ser o mesmo, o trânsito igual... O tipo de carros dos anos 50 e as avenidas largas, arborizadas, espaços muito vazios, enfim, outro mundo diferente do nosso de hoje no Brasil e na maioria dos países. 

Estou aqui a serviço da embaixada da Venezuela em Cuba para uma palestra que será hoje sobre espiritualidade bolivariana. Uma responsabilidade imensa porque falarei para personalidades de todas as embaixadas nesse país, para venezuelanos que vivem aqui, para soldados de Cuba e muitas outras pessoas. Calculam um auditório de 300 pessoas. E meu espanhol dá para o gasto, mas como escrevo muito em italiano (artigos e textos), de vez em quando, confundo as duas línguas. O importante é colocar o coração e dizer aquilo em que acredito profundamente. 

Ontem estava fazendo a caminhada matinal e encontrei um jovem. Fazia atletismo. Perguntou-me a hora e quando respondi, imediatamente reagiu dizendo: És brasileiro? Confirmei. E perguntei por ele. Ele me confirmou que era peruano. Contou que seus pais são lavradores e ele é muito pobre. Em seu país não podia estudar. Fez um concurso e passou em um exame para medicina. O governo de Cuba lhe ofereceu uma bolsa e está aqui estudando. Teve passagens e estadia de graça e está fazendo medicina aqui em Cuba na escola internacional latino-americana. E eu lhe perguntei: 

- Você gosta de Cuba? e ele me disse: Claro. Muito. E eu: O que gosta mais? Ele me disse sem hesitar: a solidariedade socialista do povo cubano. Eu quis provocar mais e perguntei: E que mais? que mais gosta em Cuba? E ele me respondeu ainda sem hesitar: as mulheres.... Ótimo. Sem dúvida, são muito bonitas e atraentes. Nos despedimos e eu saí com um pouco de inveja desejando ver nosso país viver essa solidariedade socialista que o rapaz falou. 

A vocês, tudo de bom e de paz. O irmão Marcelo 

(Só vou poder voltar a escrever no sábado, quando estiver passando de volta, em Caracas). 

Marcelo Barros

Camaragibe, Pernambuco, Brazil

Sou monge beneditino, chamado a trabalhar pela unidade das Igrejas e das tradições religiosas. Adoro os movimentos populares e especialmente o MST. Gosto de escrever e de me comunicar.

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