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​Conversa, quarta feira, 10 de abril 2013

Amanhã, 11 de abril, completam-se 50 anos do 11 de abril de 1963, quando o papa João XXIII, o papa bom, como o povo o chamava, assinou e promulgou a encíclica Pacem in Terris sobre a paz no mundo. A carta foi a primeira que um papa dirigiu a todas as pessoas de boa vontade e não só a padres, bispos e cardeais. Além disso, comprometeu a Igreja Católica no serviço à paz e à justiça. Colocou-se a favor dos países africanos que estavam naquele momento tentando se libertar do colonialismo europeu. E insistiu que enquanto um país se colocar como explorador do outro, não haverá paz no mundo. 50 anos depois e a paz do mundo continua um sonho. E para nós o grande desafio é que as Igrejas que deveriam colaborar para a paz às vezes são instrumentos de violência e discriminação. Nesses dias no Brasil, a discussão que mais se ouve é o mundo de protestos contra as posições homofóbias e intolerantes do pastor Marco Feliciano. Ele foi eleito por seus colegas presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara - claro que por conchavos de partidos, mas mesmo assim, sem nenhum pudor, os deputados elegeram presidente dessa comissão uma pessoa que eles sabem o que pensam. Ele declara publicamente que o mandante da morte do beattle John Lennon foi Deus, irado porque os beattles diziam ser mais importantes do que Jesus Cristo. E Deus também matou os Mamonas Assassinos porque eles levavam à juventude ao pecado. O pior é que  essas posições do pastor são aplaudidas por muita gente e não nos enganemos: muitos pastores evangélicos e muitos padres e bispos católicos têm as mesmas posições homofóbicas e intolerantes. Um cardeal brasileiro (já falecido) declarou que a Aids é castigo de Deus a uma humanidade pecadora. E um pastor disse na televisão que o terremoto do Haiti era punição de Deus a um povo que adora deuses africanos. Esse Deus cruel e assassino é confundido com o Deus da Bíblia ao qual Jesus chamava Paizinho e dizia que faz nascer o sol sobre os bons e sobre os maus e faz chover sobre os justos e os injustos. Como dizia Roger Schutz, prior de Taizé, se é Deus, só pode amar. Outra imagem qualquer é idolátrica. Pessoalmente, quero consagrar minha vida a deixar claro que sou ateu e luto contra esse deus do pastor Feliciano e mesmo de alguns  bispos católicos e quero defender o Deus de Jesus nesse julgamento da sociedade da qual ele é réu e é acusado não pelos que se dizem seus inimigos, mas pelos que pretendem ser seus    

Marcelo Barros

Camaragibe, Pernambuco, Brazil

Sou monge beneditino, chamado a trabalhar pela unidade das Igrejas e das tradições religiosas. Adoro os movimentos populares e especialmente o MST. Gosto de escrever e de me comunicar.

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