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Conversa, domingo 10 de junho 2012

Queridos irmãos e irmãs, 

Para mim escrever é necessidade, quase vício. E quando estou fazendo algo me vem um pensamento ou palavra que gostaria de comunicar, ou escrevo imediatamente, ou depois que o peixe abandona o anzol, fica mais difícil pescá-lo. E o interessante é que às vezes a gente se encontra nos escritos dos outros. Quantas vezes, leio algo com o qual me identifico tanto que é como se eu mesmo tivesse escrito. Hoje, recebi o convite oficial para a Rio 92+ 20 que começará no final dessa semana no Rio. Pessoalmente, não irei participar, é claro, da reunião oficial da ONU e sim do encontro dos movimentos da sociedade civil (Cúpula dos povos). Lá participarei de uma vigília inter-religiosa pela paz e pela comunhão com a natureza e também de uma atividade ligada ao Bolsa Família e à renda cidadã. Independentemente do que se consiga ou não com esse tipo de encontro, me sinto envolvido em um fato novo: um encontro da humanidade para além de tribo, nação, religião, classe social, tudo... um fórum de pessoas humanas e assim me situo ali. 

Esta proposta de superar o egocentrismo, depois o etnocentrismo até chegar a essa universalidade é um caminho espiritual. Implica enraizar-me mais profundamente em minha cultura, mas precisamente para ser capaz de me tornar "um ser humano planetário", como dizia Ernesto Balducci, grande filósofo italiano do século XX e um espiritual dos nossos tempos. Assim ele explica: “Sem negar nada do que sou, devo intuir uma nova identidade de crente. O ser humano planetário é pós-cristão, no sentido de que a ele não se adaptam determinações que o dividam do comum dos outros seres humanos (...). A expressão neo-testamentária com a qual minha fé melhor se expressa é a que aparece diversas vezes dita por apóstolos e profetas no livro dos Atos e do Apocalipse: “sou somente um ser humano”. (...) Esta é minha profissão de fé, sob a forma de esperança. Quem ainda se professa ateu, ou leigo e tem necessidade de um cristão para complementar a série de representações sobre o palco da cultura, não me procure. Eu não sou nada mais do que um simples ser humano”[1].


[1] - ERNESTO BALDUCCI, L´Uomo Planetario, Brescia, Ed. Camunia, 1985, 1° ed., p. 189 (a história do navio), p. 

Marcelo Barros

Camaragibe, Pernambuco, Brazil

Sou monge beneditino, chamado a trabalhar pela unidade das Igrejas e das tradições religiosas. Adoro os movimentos populares e especialmente o MST. Gosto de escrever e de me comunicar.

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