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​Conversa, 31 de dezembro 2013

Nesses dias estou na chácara de Ricardo e Malu e não sei porque, o meu notebook resolveu não se conectar de modo algum na internet. O resultado é que me sinto um pouco isolado de tudo. Mas, tem um lado bom de não depender desses instrumentos. Em artigo recente, Ignacio Ramonet conta que um documento importante da CIA norte-americana adverte o governo de que as redes sociais e as comunidades virtuais começam a substituir pouco a pouco as sociedades nacionais. Do jeito que as coisas seguem, a internet que foi criada por orgãos do exército norte-americano para fins militares, começará a descobrir uma nova vocação. As redes se tornarão mais influentes no mundo do que as nações e seus governos. Será bom o dia em que, para além das futilidades do comércio e dos papos de namoro e relacionamentos superficiais e sem nenhuma profundidade, a internet possa servir para unir as pessoas, conectar uma sociedade internacional comprometida com a paz e a justiça e possa sim ajudar-nos a construir um mundo mais fraterno e mais igualitário. 

Hoje, me sinto unido às multidões que correm nessa noite para as praias para poderem entrar no ano novo com os pés na água e assim iniciar uma vida nova. Lembro comunidades indigenas que fazem seus ritos ancestrais para invocar o espírito de um novo tempo. Como tem gente que acredita quase de modo mágico no poder dos votos de feliz ano novo. Ou que no primeiro dia do ano comendo ostras fechadas que eles abrem, possam abrir um tempo novo de vida. Tudo isso são sinais, símbolos desse desejo do novo. De fato, Jesus diz no evangelho: Não adianta colocar remendo novo em roupa velha. Nem vale a pena pôr vinhos novos em barris velhos. Para vinhos novos, é preciso barris novos. 

O novo se faz a partir de dentro. É no interior da gente que se tece o novo e nos torna novos. Para isso, penso, é preciso deixar o Espírito agir em nós, amar em nós, fazer de nós sua casa e sua agencia no mundo. Desejo (e não é pretensão) um dia poder dizer como São Paulo: Já não sou eu que vivo. É o Cristo que vive em mim. Nessa noite, na oração que faremos aqui, proporei que se ore o salmo 65. Proponho a vocês também. É uma oraçao de louvor a Deus pela primavera e o verso 12 diz: Com os teus dons coroas o ano. Podemos pedir que ele coroe o ano novo que começa como coroou o ano que passou. E que dê a todos/as vocês um ano novo cheio de paz, alegria e principalmente de retomada da busca interior. É isso que desejo de coração. 

Marcelo Barros

Camaragibe, Pernambuco, Brazil

Sou monge beneditino, chamado a trabalhar pela unidade das Igrejas e das tradições religiosas. Adoro os movimentos populares e especialmente o MST. Gosto de escrever e de me comunicar.

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