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Carta quaresmal 2021

Recife, quarta-feira de cinzas, 2021

 “Ao chegar a hora de passar deste mundo ao Pai, Jesus, amando os seus que estavam no mundo, vai até o extremo do amor ” (Jo 13, 1ss). 

 Queridos irmãos e irmãs, 

 Somos discípulos e discípulas de Jesus para segui-lo nesse caminho de amor até onde o amor pode ir. Para isso, cada ano, muitos cristãos celebram Quaresma e Páscoa. É o tempo oportuno para reviver em nossas próprias vidas a morte e ressurreição de Jesus. Assim, podemos nos renovar interiormente e, como comunidades alternativas de discípulos e discípulas de Jesus, colaborar para transformar o mundo e tornar nossas Igrejas mais pascais, mais “Igrejas em saída”, como propõe o papa Francisco na exortação “Alegria do evangelho” (EG n. 23- 24). 

No Catolicismo, frequentemente, até hoje, a Quaresma ainda é associada a práticas de jejum e penitência que consistem em repetição anual dos mesmos textos e ritos. Ao contrário, Paulo escreve aos cristãos de Roma: “Vede o tempo que estamos vivendo. É hora de despertardes do sono, porque a nossa salvação está agora mais perto de nós do que quando abraçamos a fé” (Rm 13, 11). 

Na cultura das primeiras comunidades cristãs e de Paulo, quando ele diz que a salvação está mais perto de nós, não se trata apenas da santificação pessoal. Paulo se refere a aquilo que, no evangelho, Jesus chama de reino de Deus, ou seja, a realização do projeto divino no mundo. 

A celebração da Páscoa é essencialmente comunitária e social. Até hoje, a tradição judaica a denomina: a festa da nossa libertação. Temos de encontrar formas de, mesmo no distanciamento social, nos manter unidos e solidários. Para quem é cristão, o mais importante na Quaresma não é a prática de devoções penitenciais e sim renunciar a tudo o que for necessário para viver a solidariedade às pessoas, às comunidades e a toda a humanidade na direção de uma vida nova e mais pascal. 

No Brasil, a Campanha da Fraternidade Ecumênica de 2021 concretiza essa proposta no tema “Fraternidade e Diálogo: compromisso de amor” e o lema afirma: “Cristo é a nossa Paz: do que era dividido fez uma unidade” (Ef 2, 14). O clima de hostilidade de grupos católicos tradicionalistas contra a Campanha da Fraternidade Ecumênica revela como é difícil uma instituição dogmática acolher um trabalho de unidade a partir das bases e em defesa das causas da justiça eco-social e da paz. 

No Novo Testamento, a virtude que Paulo e os apóstolos pedem aos primeiros cristãos é muitas vezes traduzida como paciência e perseverança. O termo grego hypomonè é uma combinação do verbo grego permanecer (menein) com o advérbio de lugar sob, ou embaixo (hypo). Então hipomonè é a atitude de quem aceita ficar por baixo, humilhar-se mesmo (permanecer embaixo) para servir, para apoiar, para sustentar os outros. O autor da 2ª carta de Pedro chega a dizer que “a duradoura hypomonè, “paciência” de Deus é a nossa salvação” (2 Pd 3, 15). Por sua vez, Paulo ensina que a tribulação, (os sofrimentos) produz a hypomonè, isso é, a perseverança (o manter-se na missão) e essa, a esperança” (Rm 5, 3).  Nossa celebração da Quaresma e da Páscoa deve expressar a pastoral de uma Igreja discípula de Jesus no seu serviço à humanidade, especialmente, aos mais necessitados. Isso pede de nós atenção e maior apoio às pastorais sociais e diálogo com os movimentos populares nesse espírito de hypomonè, serviço humilde e amoroso. 

Isso também para nós será fonte de profunda alegria. No século IV, o bispo João Crisóstomo ensinava: “A Páscoa de Jesus vem fazer da vida da gente, mesmo no meio das lutas e das dores, uma festa permanente de esperança e comunhão”. 

Deus abençoe e ilumine a cada um/uma de vocês. Abraço carinhoso do irmão Marcelo Barros

PS: Como uma forma de concretizarmos neste momento este espírito, junto a esta minha carta o apelo da Caritas Arquidiocesana de Manaus: 

CÁRITAS ARQUIDIOCESANA DE MANAUS 

A Covid-19 impôs o caos na saúde pública de Manaus. E o cenário para as pessoas mais vulneráveis tem ficado cada vez mais desolador! Milhares de famílias não tem o que comer!

Visando atender a essas necessidades, a Cáritas Arquidiocesana de Manaus está promovendo a campanha Emergência Manaus, que visa arrecadar doações em dinheiro para a compra de cestas básicas que serão destinadas às famílias em situação de vulnerabilidade alimentar.

Durante a primeira onda da COVID-19, a Cáritas Manaus garantiu alimentação na casa de mais de 8 mil famílias. Foram mais de 40 mil pessoas atendidas, e isso só foi possível graças à sua solidariedade.

Faça a sua parte e Doe! Cáritas Arquidiocesana de Manaus

Banco do Brasil Agência: 1862-7  - Conta Corrente: 7570-1

CNPJ: 04.209.813/0001-47  - Chave pix: 04.209.813/0001-47

Mais informações, ligue: 3234-2567 

Ou mande uma mensagem pelo whatsapp: 99143-1257

Somos Cáritas, Somos Solidariedade - Realização: Arquidiocese de Manaus  

Marcelo Barros

Camaragibe, Pernambuco, Brazil

Sou monge beneditino, chamado a trabalhar pela unidade das Igrejas e das tradições religiosas. Adoro os movimentos populares e especialmente o MST. Gosto de escrever e de me comunicar.

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