Blog Aqui vamos conversar, refletir e de certa forma conviver.

              Alex, querido irmão e companheiro, 

            Você me pergunta sobre o sentido da festa da Exaltação da Santa Cruz que a Igreja Católica e outras Igrejas antigas celebram neste dia (14 de setembro). Conforme a tradição católica, a festa de hoje tem sua origem no século IV, quando Santa Helena, a mãe do imperador Constantino reencontra a relíquia da santa Cruz, isso é, a madeira na qual Jesus teria sido crucificado. Sobre isso, a Igreja teceu toda a devoção à santa Cruz como relíquia e ao falar da exaltação da Santa Cruz no fundo está afirmando a superioridade do Cristianismo sobre as outras religiões e o poder que o imperador Constantino deu a padres e a bispos como privilégio da Igreja. 

             Acho impressionante, escandaloso mesmo como padres, mesmo dito avançados continuam hoje esta devoção sem nenhum sentido crítico e sem perceber que estão propagando um tipo de Cristianismo oposto à espiritualidade da libertação. Para mim à medida que se exalta a cruz sem explicar está se exaltando um caminho de fé masoquista, uma visão sobre a paixão de Jesus sacrificial e uma visão de Deus como Pai que quis que seu filho morresse para poder se reconciliar com o mundo.

                 Como creio e prego uma fé diferente insisto de que a Cruz é instrumento de tortura – é o pau de arara de hoje em dia de nossas delegacias e das ditaduras militares. E honro a Cruz de Jesus como caminho de solidariedade e de resistência amorosa contra toda opressão. A cruz de Jesus é a tentativa de vencermos esta necropolítica assassina que hoje está no poder. É o martírio de nossos/as mártires da caminhada e assim como Pedro Casaldáliga insistia o mártir Jesus. Aí sim celebramos a cruz pascal, a cruz na qual vemos ressurreição porque vemos libertação e vida.