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Quinta-feira santa hoje

"O Mestre manda dizer: Quero celebrar  a Páscoa na tua casa". Assim o evangelho de Mateus começa o relato da ceia de Jesus, cuja memória celebramos especialmente nesse dia. Naquele tempo, foi o recado que Jesus mandou os discípulos dizerem a um homem que passava carregando uma bilha de água. Hoje, somos nós que recebemos esse recado: O Senhor quer celebrar essa Páscoa em tua casa, na minha casa, seja a casa mais pessoal de cada um que é o corpo, a pessoa mesmo, seja a casa que é nossa vida social, nossa família, nosso país, a Terra, nossa casa comum, como diz o papa Francisco...

O que significa concretamente isso? Páscoa significa passagem, passo. Deus dá um passo para nos fazer também dar passos. Passos na nossa vida concreta. Passos de humanização e de amor. Jesus viveu isso. Em primeiro lugar, ao unir os discípulos em uma ceia de partilha e propor essa ceia como forma de sua presença entre nós. Doação da vida uns aos outros e comunhão. Infelizmente, a maioria das missas que serão celebradas hoje parecerão mais um culto qualquer, centralizado na figura do celebrante principal e de forma tão hierarquizada que não consegue mais passar a atmosfera de amor e carinho que Jesus viveu com os discípulos e discípulas na sua ceia. Oro para que as Igrejas possam retomar a simplicidade de reviver a ceia de Jesus de um modo mais simples e evangélico. 

Na celebração dessa tarde, começo do Tríduo Pascal, as comunidades lerão o evangelho de João (13, 1 - 14) que conta como Jesus, ao se colocar na ceia, tomou uma toalha e lavou os pés dos discípulos (e certamente discípulas). Era uma profecia da sua entrega de vida. O evangelho usa as mesmas expressões - ele depôs a roupa - diz isso para o lava-pés e repete a mesma expressão na hora em que ia ser crucificado. E outras expressões assim.. Tem até a negação de Pedro: Nunca haverás de me lavar os pés.... Nunca irei negar que te conheço... Então, fazer esse gesto carinhoso e de serviço o mais humilde que um servo pode fazer - e Jesus fez com os seus - era uma forma de, como diz o Evangelho, "tendo amado os seus que estavam no mundo, amou-os até o fim", ou seja, foi até onde o amor pode ir. 

Nós também somos chamados a ir até onde o amor pode ir. Viver e praticar o amor até onde o amor pode chegar. 

Marcelo Barros

Camaragibe, Pernambuco, Brazil

Sou monge beneditino, chamado a trabalhar pela unidade das Igrejas e das tradições religiosas. Adoro os movimentos populares e especialmente o MST. Gosto de escrever e de me comunicar.

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