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O Terror e a Esperança

Nestes dias, a opinião pública está sendo inundada por reportagens e reflexões sobre o décimo aniversário dos atentados de 11 de setembro nos Estados Unidos. As análises não parecem provocar uma reflexão que ajude o povo norte-americano a se rever e a se perguntar que vírus de intolerância e violência existem na sua própria cultura que facilitam tragédias como aquela. Ao contrário, o atentado forneceu o pretexto para o governo jogar fora a máscara de democracia, desrespeitar normas da ONU e invadir países asiáticos, ricos em petróleo. Ao terrorismo de grupos fanáticos, a humanidade passou a testemunhar o terrorismo oficial, elevado à categoria de política de Estado e usado para insuflar o medo coletivo e justificar arbitrariedades jurídicas e sociais. Atualmente, a maior ameaça para a humanidade não é o terrorismo. É a destruição do próprio planeta em que vivemos. As mudanças climáticas e desastres ambientais têm sido dez vezes mais responsáveis por destruições e mortes do que quaisquer atentados terroristas. Ou mudamos esse o modelo de desenvolvimento predatório ou não teremos futuro. É urgente buscar alternativas a esta civilização predominantemente mercantilista e combater corajosamente a exploração não sustentável dos recursos naturais, da força de trabalho humano e do patrimônio cultural de toda humanidade.

Seja como for, temos mil motivos para esperar no futuro. Em toda a América Latina, está ocorrendo um novo protagonismo de movimentos sociais, baseados nas culturas indígenas e negras, assim como na mobilização da juventude mais consciente.

Em uma de suas cartas, São Paulo diz que toda a natureza (a criação) sofre como dores de parto. Diz ainda que nós, seres humanos, recebemos as “primícias do Espírito”, isto é, o amor divino para nos transformar interior e socialmente (Rm 8, 22- 23). Essa energia está em nós como primícias, isto é, semente a ser cultivada e desenvolvida por uma forma solidária de viver. Ela se expressa nas relações de ternura com os que nos são próximos e na solidariedade a toda pessoa que sofre. É como uma bússola interior que torna possíveis as melhores esperanças da humanidade e pode garantir: o mundo está salvo.  

Marcelo Barros

Camaragibe, Pernambuco, Brazil

Sou monge beneditino, chamado a trabalhar pela unidade das Igrejas e das tradições religiosas. Adoro os movimentos populares e especialmente o MST. Gosto de escrever e de me comunicar.

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