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​O mundo novo que queremos

Estou vindo agora das manifestações da juventude dos indignados pelas ruas e praças do centro de Bruxelas. H|oje, durante o dia todo, apesar de certa repressão da polícia, eles e elas, aos milhares, tomaram a cidade. A maioria que vi era de adolescentes, rapazes e moças muito jovens, belgas, franceses, espanhóis e de outras partes da Europa gritando que não aceitam mais que o mundo continue organizado como está. Imaginei se algum dia no Brasil verei nossa juventude arriscar-se diante da polícia e mobilizar uma cidade grande com este grito de que exige mudanças estruturais na sociedade. Ao meu lado, adultos politizados me diziam: Eles sabem o que não querem, mas não sabem o que querem. Infelizmente, não têm nenhuma proposta concreta. Só se pronunciam contra, mas não sabem que alternativa propor. E eu perguntei aos que me diziam isso: E vocês sabem? Parece que nós todos vivemos hoje em um mundo no qual as perspectivas não são claras. O MST que está aqui representado no encontro dos amigos e aliados europeus sabe que quer reforma agrária. O bolivarianismo é contra o império norte-americano e quer uma maior unidade do continente em uma só pátria grande. Mas, como conseguir isso e qual modelo político consagrar para isso? Não é claro. Tenho a impressão de que ver claro o que não se quer já é um bom passo para um caminho novo. Passei a tarde com o  grupo dos amigos e amigas do MST. Pediram-me para lhes falar sobre eco-espiritualidade. Eu teria preferido falar do movimento bolivariano e da importância do apoio internacional para a luta dos lavradores no Brasil. A dificuldade era que tinha gente de cinco ou seis línguas diferentes. Falei em francês e se formaram dois grupos pequenos com tradutores que providenciavam a versão instantânea em português e outro grupo em inglês. Saí do encontro com a impressão de que o governo Dilma, assim como Lula, pode fazer todos os projetos tipo bolsa família do mundo. Enquanto não aceitar enfrentar os latifundiários do Congresso e de fora e apoiar um plano verdadeiro de reforma agrária, o Brasil continuará sendo o país mais desigual do mundo. 

Marcelo Barros

Camaragibe, Pernambuco, Brazil

Sou monge beneditino, chamado a trabalhar pela unidade das Igrejas e das tradições religiosas. Adoro os movimentos populares e especialmente o MST. Gosto de escrever e de me comunicar.

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