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Momento bíblico, sexta feira, 09 de dezembro 2011

No texto do evangelho meditado hoje (Mt 11, 16- 19), Jesus se queixa dos seus ouvintes: "São como crianças que gritam para os colegas: Tocamos flautas e vocês não dançam. Entoamos lamentações e vocês não choram". Assim, Jesus diz que a geração dele não reagia nem ao testemunho de João Batista, o asceta do deserto e nem a ele que se insere na vida comum das pessoas e é acusado de comer e beber com os pecadores e prostitutas. Será que hoje, nós somos diferentes? Conseguimos reagir e nos deixar tocar por alguma coisa? Ou somos assim indiferentes e incapazes de nos espantar, de nos comover e de nos deixar interpelar? Ontem à noite, celebrei os 40 anos de casamento de Renato e Bethânia, amigos que eu acompanho e dos quais fui testemunha do casamento há 40 anos. Foi um encontro simples e comovente. Eles deram um testemunho belo de perseverança no amor e na beleza da vida. Mas, o que mais me impressionou foi que um dos seus netos (13 anos) pediu para falar comigo em particular. Curioso, me afastei do tumulto da festa e sentamos em um lugar mais tranquilo e a sós. E ele que me conhece pouco (me viu uma ou duas vezes) me disse: Quero lhe dizer que gostei da celebração que você coordenou porque a achei vinda do seu coração. Mas, se você disse que todo amor vem de Deus e que o casamento é um sinal do amor de Deus, por que então você não casou e por que a Igreja proíbe os padres casarem? Também quero saber porque o padre ... que vai na minha escola parece pensar que tem toda a verdade e que só a Igreja é verdadeira? 

Nunca esperaria tal tipo de raciocínio e de ponderação de um menino de treze anos. Respondi que não concordo com a obrigatoriedade do celibato na Igreja Católica e que eu mesmo, quando era mais jovem, já tive momentos nos quais pensei em casar, mas percebi que meu modo de ser e de viver a missão não seria fácil para quem quer ser estável e viver uma vida mais familiar. Concordei com ele que o padre foi formado assim e nem conhece as outras tradições, mas ninguém é proprietário da verdade. Ficamos de conversar mais e com mais calma assim que for possível. 

Marcelo Barros

Camaragibe, Pernambuco, Brazil

Sou monge beneditino, chamado a trabalhar pela unidade das Igrejas e das tradições religiosas. Adoro os movimentos populares e especialmente o MST. Gosto de escrever e de me comunicar.

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