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Conversa, quinta feira, 21 de janeiro 2016

Desde 2007, por decreto do presidente da República, o 21 de janeiro é o dia nacional de combate à intolerância religiosa. Nesse dia, no ano 2000, morreu a mãe Gilda, vítima de um infarto fulminante, depois de ter visto o seu templo de Candomblé invadido por fundamentalistas neopentecostais que destruíram os assentamentos dos Orixás.

De lá para cá, a intolerância continua forte e quase a cada dia a Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República constata algum caso ou denúncia de intolerância religiosa, principalmente com as religiões afrodescendentes. O mais triste é que esses ataques são cometidos por cristãos e em nome de Jesus.

É preciso que os ministros e as comunidades de fé cristã reajam e se mobilizem para testemunhar ao mundo que não tem sentido discriminar crentes ou comunidades de outras religiões e ainda fazer isso em nome de Jesus.

Nesses dias, estou lendo um livro delicioso do rabino Nilton Bonder. Chama-se "O caminho de Abraão". Conta de forma leve e bem-humorada uma viagem ou peregrinação que ele fez com um grupo internacional à Turquia e aos lugares onde Abraão teria vivido e onde teria sido chamado por Deus. O grupo era formado por cristãos, muçulmanos e pessoas sem relação religiosa e ele, rabino... E ele faz reflexões muito boas e fecundas sobre a dificuldade de acolher o outro, de aceitar as diferenças e superar a tendência de se achar superior. Lembrou-me muito o que conheço da filosofia de Emmanuel Levinas sobre o outro como referência ética e responsabilidade de vida para mim e também o que Martin Buber ensinava sobre o verdadeiro encontro do Eu e o Tu. 

Marcelo Barros

Camaragibe, Pernambuco, Brazil

Sou monge beneditino, chamado a trabalhar pela unidade das Igrejas e das tradições religiosas. Adoro os movimentos populares e especialmente o MST. Gosto de escrever e de me comunicar.

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