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Comentário de filme, terça feira, 02 de agosto 2016

Prometi mais ou menos uma vez por semana comentar algum filme que está passando no circuito brasileiro. Hoje, com minha irmã Penha, vi "Mãe, só há uma", novo filme de Ana Muylaert, que no ano passado, fez certo sucesso com o filme "Que horas ela volta?"com Regina Casé. 

Nesse filme, a diretora toma uma história real, a história de Pedrinho que em 1986 foi roubado da maternidade e só foi encontrado pela família biológica 16 anos depois. O filme aproveita essa história real trágica e elabora um roteiro mais simbólico. Para novamente mostrar como a visão da classe média é imobilista e tem dificuldade de se ampliar, a diretora mostra uma família pobre. De repente, a mãe é presa, acusada de ter roubado os dois filhos (um casal). O mais velho é Pierre (17) é um adolescente que toca em uma banda de garagem, fuma maconha, de vez em quando gosta de se vestir de mulher e transa com rapazes e também com moças. É obrigado a se inserir em uma nova família (da qual foi roubado quando era novinho). E essa família de classe média alta não consegue aceitar o jeito de ser dele. 

 Apesar de que o filme assume a perspectiva de visão do adolescente (o que é bom) e mostra claramente a sua dificuldade de se situar na nova família, por mais que os pais se esforcem, os preconceitos sociais da família são apenas aludidos e esboçados. A bissexualidade parece ter sido confundida com uma situação de transsexualidade (gostar de usar roupas femininas) e isso mesmo é mostrado sem nenhum tratamento mais profundo. De todo modo, fica a discussão sobre como a identidade de uma pessoa é formada pelo inconsciente e ali naquele caso como teria sido esse processo? 

O ator Naomi Nero parece dar conta do seu papel de adolescente dividido. A atriz Dani Nefussi faz papel duplo das mães e convence. Mas, o interessante é ver como a diretora consegue dar agilidade à câmara e mesmo usar câmara de mão em várias cenas ajudando a sim a que os espectadores se sintam na cultura e nos ritmos da juventude. 

Mesmo se não é uma obra-prima, o filme ajuda sim a nos tornar mais humanos/as. 

Marcelo Barros

Camaragibe, Pernambuco, Brazil

Sou monge beneditino, chamado a trabalhar pela unidade das Igrejas e das tradições religiosas. Adoro os movimentos populares e especialmente o MST. Gosto de escrever e de me comunicar.

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