Blog Aqui vamos conversar, refletir e de certa forma conviver.

​As descobertas de cada dia

Ontem à noite, cheguei a Recife depois de viajar quase 18 horas de Bruxelas a Recife. Vim pela Ibéria e o avião fez escala (cansativa) em Fortaleza. No voo, leituras e filme me chamaram a atenção. No jornal Le Monde uma reportagem dizia que ainda neste mês de outubro, a humanidade chegará a sete bilhões de pessoas. De fato, o mundo pode alimentar até 11 bilhões, mas não nesse sistema iníquo. Há um bilhão de seres humanos passando fome e vivendo abaixo da linha da pobreza. O que fazer? Há quem propõe uma política de controle da população. Para mim é como o marido que descobre a esposa transando com um amante no sofá da sala e como providência decide trocar o sofá ou não ter mais sofá na sala. A solução para a fome e a miséria do mundo é mudar o sistema social em que vivemos e não apenas controlar a população. No mesmo voo, vi um filme chinês (não consegui ler o nome do diretor chinês) que se chama "Um conto chinês" com o grande ator argentino Ricardo Darin. Ele é um dono de mercearia em Buenos Ayres e, por acaso, encontra na rua um adolescente chinês que não fala uma palavra de espanhol. Sente-se obrigado a levá-lo para casa e lhe dar comida e abrigo, mas sempre procurando a embaixada e outra solução para o rapaz que procura um tio, último sobrevivente de sua família. O filme mostra como alguém, movido por pura humanidade, acolhe um desconhecido e mesmo sem entender uma palavra que ele diz o ajuda. Lembra-me da parábola do evangelho na qual um professor de Bíblia pergunta a Jesus "quem é meu próximo?" e Jesus inverte a pergunta e responde "de quem você é próximo?". Próximo é aquele que por acaso entra no meu caminho e no qual eu reconheço uma presença de irmão e irmã. 

Marcelo Barros

Camaragibe, Pernambuco, Brazil

Sou monge beneditino, chamado a trabalhar pela unidade das Igrejas e das tradições religiosas. Adoro os movimentos populares e especialmente o MST. Gosto de escrever e de me comunicar.

Informações