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Ao completar 73 anos

                  "Setenta anos, duração da nossa existência,

Os mais fortes, chegam a oitenta, talvez...

a maioria, luta, cansaço e desilusão,

de todo modo, passam depressa e

nem nos damos conta, os anos já se vão" (Sl 90).

 Quando retomo o caminho de minha vida,

mesmo sem saber se isso vale a pena,

pergunto-lhe insistentemente:

Por que me puseste desse lado da Igreja?

sempre na posição mais crítica,

minoria incômoda e impotente?

                          A Bíblia diz que Jeremias, coitado,

                        descobre sua vocação  de profeta,

                         antes mesmo de vir ao mundo.

                         Por isso, mais tarde, ao rever o seu caminho,

                         se lamenta de ter nascido e chega a dizer à sua mãe:

                        "Por que me deste à luz, para eu ser apenas um homem,

                        objeto de contestação e de conflitos?

 Eu não quero incomodar a minha,

já falecida, na paz de haver cumprido sua missão.

Mas, às vezes, me sinto como se nem pudesse envelhecer,

em um mundo, no qual, cada vez mais,

é necessário ter forças para lutar e sem desfalecer,

Como sentir que as forças se esvanecem,

se, mesmo na Igreja, ainda há tanto a desobedecer?

                         Às vezes, penso que se tivesse seguido meu instinto,

                         e, de acordo, com o meu temperamento

                         organizado a vida e a educação que recebi,  

                         tudo poderia ter sido diferente ...

                         e, hoje, quem sabe, onde estaria eu, ou que cargo exerceria...

                         Mas, o teu chamado me perseguiu e até hoje me seduz.

                        Só posso agradecer os profetas e profetizas que me transmitiram o teu chamado.

                        Claro que poderia sim, estar do outro lado, mas eu me sentiria bem mais sozinho

                         e não teria a alegria de ter os amigos, com os quais me presenteaste.

                         Não seria sustentado no caminho por eles e elas, profetas que me dás...

Assim juntos,  não consigo não ser revolucionário,

revolucionário serei até o fim, 

Como o teu Espírito me ensinou

que é o próprio Jesus.

 

Marcelo Barros

Camaragibe, Pernambuco, Brazil

Sou monge beneditino, chamado a trabalhar pela unidade das Igrejas e das tradições religiosas. Adoro os movimentos populares e especialmente o MST. Gosto de escrever e de me comunicar.

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