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A caravana da esperança

Ontem, participei da caravana da esperança. Pelas quatro da tarde, a praça do Carmo no centro do Recife já estava lotada. E aí foi vindo mais gente. Pelas seis e meia quando chegou o presidente Lula, devia ter mais de 20 mil pessoas. Ali se reuniram todos os movimentos sociais organizados de Pernambuco. Há tempos eu não via uma manifestação na qual havia representação do PT, PSOL, PCdoB, PTB e outros partidos de esquerda. Os movimentos sociais organizados e mais ativos estavam também lá representados. A multidão trazia tantas faixas que a todo momento tinham de pedir que baixassem as faixas para que o povo pudesse ver o palco.
Eu fui convidado pelo MST para falar na assembleia dos movimentos, primeira parte do evento, ainda sem a presença de Lula. Falei sobre a urgência de uma solidariedade de todos nós ao governo e ao povo da Venezuela. E com a representação do MST, eu e Maria Fernanda Coelho, acolhemos e abraçamos o presidente Lula, quando ele chegou, antes de subir ao palco.

Algumas pessoas me perguntaram porque fui a esse ato. Antes de tudo fui porque la estavam os movimentos sociais e eu quero caminhar junto com eles. Em segundo lugar, fui porque nesse contexto atual de Brasil, temos que reforçar a caminhada da esperança. Em terceiro lugar, embora pessoalmente não opte por uma candidatura de Lula para 2018, nem sou favorável a que o processo político agora se centre nessa questão da eleição (preferiria muito mais que o grande tema da caravana da esperança fosse a Reforma Política e que, por isso, começássemos a luta e a campanha), é evidente que o presidente Lula tem sido vítima de uma injustiça jurídica tremenda e é preciso testemunhar que não estamos de acordo com isso. Pode ser que a mobilização popular de apoio a ele faça a Casa Grande perceber que não pode fazer tudo o que quer. Sem dúvida, os juízes comprados pelo governo norte-americano não se moverão do seu intento de acabar com qualquer projeto mais popular. No entanto, nossa obrigação é lutar. 

Mas, a razão mais profunda de minha ida lá foi pedir aos movimentos sociais organizados uma moção de solidariedade ao governo e ao povo da Venezuela, atingidos por uma guerra midiática cruel e assassina. E pedir que trabalhemos para continuar a luta do presidente Hugo Chávez por um novo bolivarianismo: integração dos países latino-americanos, libertação do imperialismo e caminhar para um novo tipo de Socialismo, fundamentado em uma democracia mais radical e popular, assim como no paradigma do Bem-Viver indígena e da comunhão com o universo.

Marcelo Barros

Camaragibe, Pernambuco, Brazil

Sou monge beneditino, chamado a trabalhar pela unidade das Igrejas e das tradições religiosas. Adoro os movimentos populares e especialmente o MST. Gosto de escrever e de me comunicar.

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